quinta-feira, 31 de maio de 2007

New York, New York

As minhas mãos quentes. A tua face gélida. Aproximo-me devagar e toco o teu rosto. Olho os teus olhos, o teu nariz, os teus lábios. Sinto que um beijo está a chegar. Em nosso redor passam milhares de pessoas. Estamos no centro do mundo, Nova Iorque. O som das conversas flui pelo ar. O som da urbe preenche cada canto. Estamos em Times Square, mas agora, neste momento, somos só nós. Apenas este olhar profundo. Somos o espelho do Amor. Até o fumo vindo dos famosos táxis amarelos não nos incomoda. Só tu e eu, e um beijo, e muitos outros. Aqui tudo pode acontecer.


" New York, New York " - 30/05/07

quarta-feira, 30 de maio de 2007

De Dentro

Cada palavra transpira uma história e cada história lembra-me do passado. Escrevo sobre as coisas boas dos amigos, mas também quando me magoam, escrevo sobre responsabilidades e ao que elas obrigam, escrevo sobre as minhas verdades e mentiras e sobre as verdades e mentiras dos outros. Alerto-me sobre o futuro e o que ele carrega. Traço linhas rectas sobre quem sou e o que quero ser. E falo do Amor. Escrevo o que penso sobre tão poderosa força. Transponho para o papel cada lágrima que chorei, cada sorriso e cada olhar que lancei. As palavras saem, agora, mais tristes. Talvez porque já sofri, talvez porque já lutei por ele e não fui bem sucedido. O Amor é fodido. É difícil, duro. Mas também sei, e escrevo-o, que o Amor é mágico. E sim, talvez precise de Amar e ser Amado.


" De Dentro " - 17/04/07

terça-feira, 29 de maio de 2007

Depois da Meia-noite

O vento sopra fraco mas quente. Lá em cima, o sol brilha sem medo. Cá em baixo, passeio junto ao mar, calmo e, principalmente, que me acalma. No horizonte avisto o barco de um qualquer pescador a tentar fazer pela vida, a ganhar o pão, o sustento de uma família. Ao longo do areal encontro famílias e casais de namorados, de mãos dadas, em plenos momentos de paixão, aproveitando cada beijo, cada olhar e cada gesto. A areia está quente e sinto a pele escaldar a cada toque naquela superfície exposta ao sol. A água vai molhando, agora, os meus pés nus. decidi sentar-me e observar o que por mim passa e o horizonte, e pensar no que me trouxe aqui, a este lugar que tantas alegrias me deu, e no qual passei momentos que, infelizmente, nunca mais vou viver, e só de os recordar cresce uma lágrima de saudade.
Hoje vim aqui, a esta praia, tentar perceber o que se passa. Tentar desvendar os mistérios que me assolam. Hoje é um dia de reflexão. Por breves momentos pensei estar perante um júri desconhecido. Este local, que guardo em mim com tanta saudade e carinho, vai testemunhar a mudança e vai presenciar mais um momento para mais tarde recordar.
Os pensamentos, viajam por mim à velocidade do som e cada um deixa a sua essência, a sua marca, o seu argumento que vai ser necessário para a revelação do segredo. O barulho do mar é as linhas onde escrevo pecados e paixões, mentiras e verdades, o bem e o mal, nums aventura através dos densos caminhos da mente, onde o tempo actua ao mais pequeno pormenor.
Esta praia foi palco de inúmeras brincadeiras, imensas tardes na companhia dos meus amigas, da tal pessoa e ainda com a família. Momentos que vivi intensamente, pois, é com essas pessoas que gosto de estar, apesar de ás vezes me causarem dissabores. Agora o que me resta é recordar esses momentos. É tempo de pensar no futuro. É tempo de parar para pensar. Olhar o amanhã e desprender-me do passado, que foi bom mas já lá vai. É tempo de viver o presente e trabalhar o futuro. Hoje, aqui, neste meu lugar, íntimo, recordei o passado, vivi o presente e olhei para lá da meia-noite.


" Depois da Meia-noite " 05/03/07

sábado, 26 de maio de 2007

Encruzilhada

Lamento o meu estado de alma
Mas é simples o meu sentimento
É perigoso o meu poder
Por entre as linhas do pensamento


" Encruzilhada " - 03/12/05

Velocidade I

Ouve o som das máquinas
Das pessoas e das gentes
É verdadeiro o barulho
Do tempo e das coisas pendentes
Oiço tudo aquilo que me faz sorrir
Paro para ouvir as surpresas do partir
Grava na memória
Toda aquela história
Todos os contos e pontos
Deste som tão tonto
Aproveito a salvação
Para me perder na perdição
Atinjo na perfeição
O meu alvo de aceitação

Por entre o pretexto
Leio o livro e deixo de pensar
Entro noutro mundo
Paro e faço parar
É assim que vivo a vida
Escolho em pouco tempo o tema
Compro o bilhete de ida
E penso num dos esquemas
Deixo ao descoberto o meu diário
O quarto onde durmo desarrumado
Conto os dias no calendário
E vivo sem estar parado
Escrevo o que sinto
Leio sentimentos, nunca minto


" Velocidade I " - 2005

Tempo de Mudança

A vida permanece instável
Ao segundo em que é prestável
Segue o caminho de olhos vendados
Sem olhar para trás e para os lados
Assim que paro no meio da rua
Sinto a vida a continuar sem mim
Fico parado a pensar
A tentar recomeçar

Preciso de falar
Tomar o tempo e pausar

Só depois de empurrado
É que consegui continuar
Ao fundo avistei o túnel
E a luz que nele habita
Vi-me projectado no futuro
E em tudo o que vou viver
É assim o meu passeio infinito
Nesta vida que considero finita

Preciso de falar, perder e amar
Tomar o tempo e permanecer
Preciso de falar e amar
Tomar o tempo e pausar

Tomar o tempo e pausar...parar para amar


" Tempo de Mudança " - 2005

O Jogo

Só eu sei ver as lutas
Todas as fases deste jogo
Deixo-te pensar claramente
E respondo aos teus preconceitos
Só eu sei tudo o que passou
Tudo o que foi e parou
As promessas e desejos
Das tuas paixões e anseios

És tu e eu
Neste caso só nosso
Somos os dois iguais
A todos, aos tais

Só eu percebo a vida
Daquelas lutas descabidas
Passo o tempo a gritar
A pausar o jogo e pensar
Só eu quero sair
Sair daqui, partir
O jogo pertence-te
Faz dele um fim permanente

És tu e eu
Neste caso só nosso
Somos os dois iguais
A todos, aos tais


" O Jogo " - 2005

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Fantasmas

Uma nova premissa a caminho
Para mudar este testamento
Em prosa cantamos os sonhos
Em verso escrevemos este pregaminho
O pó que nos invade
Traz-nos o cheiro a morte
E avisa-nos da chegada do fantasma
Faz-nos perder o norte

Nas tréguas jaz o princípio
E o começo do reinício
A simples e modesta premonição
De uma vida sem missão
E em segundos esvanece a chama
E os poemas de quem aclama
Fracos são os tempos que vivemos
E os momentos que perdemos


" Fantasmas " - 02/05/07

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Transparente

Se por momentos me esqueci
Tentei não controlar o relógio
Para que o tempo não parasse
Agora que me entendi
Sou o vagabundo da minha cidade
E das ruas da amargura
Quero o início do mundo
E a forte luz de electricidade

Grito até abrir os olhos
E escolher um caminho
Por entre quadros e paisagens
De um amor sem guerras

E num sinal a descoberto
Descubro luzes hipnóticas
Quero seguir as estrelas
Quero sentir os elementos
Na força da paixão
No centro do ardor
Fico à espera do click
No calor da emoção


" Transparente " - 08/05/07

Triste Madrugada

Em cada traço de vida
Traço em mim um limite
Uma linha invisível
Mas de tamanha decisão
Trago em mim quem não quero
E quem quero ser amanhã
O que sou não sei
Mas um dia vou travar aquela luta
De paixão e feitiço

São vozes na noite
São vozes à lua
Na triste madrugada
De uma luz no nada

Em cada traço de vida
Traço um limite
Se te perguntarem por mim
Diz que sempre fui assim
Pensativo e observador
Neste mundo de linhas traçadas
Em que cada segundo
Vale uma vida perdida

Quem desfez o passado,
E as memórias de um afecto?

São vozes na noite
São vozes à lua
Na triste madrugada
De uma luz no nada


" Triste Madrugada " - 09/05/07

Outra Margem

Eu queria tanto ser
Um pássaro ao sabor do vento
Uma leve garça no seu girar
E um corvo no seu pensar
Mas sou o vento e as nuvens
Num dia de trovoada
Sou o relâmpago que rompe os céus
E que ilumina as ruas

Eu sou, eu vou
Eu estou na luz
E seco quem chorou

Sou quem não proíbe
Sou aquele que te ouve
Balanço ao sabor da vida
E de mim lanço o começo
Sinto o chamar dos sons
E da chuva a cair
Parto sem promessas
E um desejo de voltar

Eu sou, eu vou
Eu estou na luz
E seco quem chorou


" Outra Margem " - 10/05/07

Até Sempre

E choro. Choro porque já não te tenho ao pé de mim. Quando me lembro das histórias que contavas e dos momentos que passámos sinto, logo, uma imensa saudade. Adorei cada visita, a ti e à avó, quando ainda moravam em Lisboa. Adorava brincar na oficina. Adorei aqueles quinze dias que lá passei ainda no tempo dos Jogos Sem Fronteiras. Nunca me vou esquecer do cheiro da vossa casa e da oficina porque adorava aquele cheiro.
Há alguns anos a nossa relação sofreu um revés e passámos a ver-nos menos vezes, e, agora, que te perdi tenho pena de não ter aproveitado mais a tua companhia, a tua sabedoria e alegria de viver. E choro. Choro o que não chorei quando me disseram do teu desaparecimento e no funeral. Não imaginas as saudades que tenho. Agora quando for visitar a avó vou achar tudo tão diferente e estranho, vai-me custar tanto. " Ti Zé Cabeçana ", foram as únicas palavras que ouvi o meu pai dizer na igreja no Domingo de manhã, era assim que te chamavam, mas para mim serás sempre o Avô Zé. Porque é que partiste? Porque é que damos mais valor às pessoas quando elas já não estão presentes? Porquê?
Esta foi a forma que encontrei para dizer que te Amo e que vou sentir imensas saudades tuas. Até sempre Avô Zé...


" Até Sempre " - 16/05/07

sábado, 12 de maio de 2007

Fica

Fico feliz só de te olhar
De dia e de noite
Debaixo das luzes da cidade
Ou de um eterno luar
Fico assim meio perdido
Na tua total beleza
Perco o norte e pergunto
Serás tu a Natureza?

Sabe tão bem ver-te brilhar
Sinto-me tão bem ao ver-te flutuar
Fica, fica, fica

São tantos os sentidos
Que me levam a ti
Num mundo de sentimentos despidos
Fica aqui perto de mim
É tão bom ver-me contigo
Sentir estas emoções
Se fores não sei se consigo
Voltar às paixões


" Fica " - 03/05/07

terça-feira, 1 de maio de 2007

Dangerous Drive

Teach me, fool me now
Touch me, hurt me now
How can I live like this?
Living a lie, telling a joke
It's a crime those words I spoke

You don't know me
You don't trust me
Broken hearts belong to me

Shoot me, bury me now
Stop me, close me now
I'm not the same anymore
What should I do to open a door
And restart who I was before?

You don't know me
You don't trust me
Broken hearts belong to me


" Dangerous Drive " - 23/04/07

A Cura

Esta é a história de uma vida
O único conto de um livro barato
Aqui vou revelar a batida
Deste meu mundo naufragado

Quem inventou o Amor
Sem ter em conta a necessidade?
E quem lhe juntou a Dor
Para o tornar em electricidade?

Tenho tudo para ser feliz
Tudo para vencer
Mas tudo o que fiz
Foi querer desaparecer

Foram tantas as vezes que chorei
Por não ter noção da realidade
E se por vezes não pensei
Foi por querer um pouco de felecidade


" A Cura " - 18/04/07

Para no fim dizer que te amo...

Por favor, diz-me o que queres e o que se passou. Fala comigo, grita-me ao ouvido. Estou à espera do pior e das lágrimas. Parte-me o coração e deixa-me, aqui, sozinho. Fui cobarde em não ser eu a fazê-lo quando mereceste e agora és tu, sem razão, que me queres despedaçar. Fá-lo com dignidade, não me vires as costas. Se queres mesmo fazê-lo faz, mas nunca mais me peças para ser teu outra vez. Dei-te tudo, até o que não podia. Fiz tudo, coisas que pensava não ser capaz. Vá, deita tudo cá para fora. E se fiz algo de errado diz, caso encontres alguma coisa. Não faças de mim parvo e procura ser directa. Fala comigo, grita, bate-me. Mata-me. Atira tudo ao chão, mas sê sincera. Faz-me chorar, mas fá-lo pela última vez. Mas nunca te esqueças que até neste momento estou a amar-te.


" Para no fim dizer que te amo... " - 17/04/07