quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Folhas


O chão está coberto folhas, umas secas e outras ainda verdes, arrancadas, com certeza, pela força do vento. O sol espreita por entre os ramos, altos, das árvores que me circundam. Hoje está um dia lindo
Aqui tudo é mais calmo. As pessoas e as suas vivências. Para mim é perfeito. Neste jardim encontro de tudo um pouco. Encontro homens e mulheres de todo o lado, até mesmo do outro lado do planeta. Estão todos cá pelo mesmo motivo que eu. Aqui, passeia-se de bicicleta sempre que se pode, sempre que o sol brilha ou a chuva caia. É calmo, sossegado. É urbano mas faz-me lembrar a minha casa, no meu Alentejo, rodeado, preenchido, de oliveiras e de um sol quente como as suas gentes. Tenho saudades. Ainda não me atacaram com força, mas tenho. Saudades, principalmente, dos pequenos pormenores, como do carteiro na sua azáfama pela cidade e do canto dos pássaros que tantas pessoas têm em suas casas. Tenho saudades de todas as coisas que fazem parte da minha planície, mas já tenho saudades deste sítio onde estou agora, já tenho saudades das pessoas que vou deixar aqui em Março. A minha estadia ainda mal começou mas sinto que este sítio, que estas pessoas, já fazem parte da minha vida, e que depois vai ser difícil deixar de estar com elas, de as ver todos os dias. Tenho a certeza de que este é um bom sentimento e quero partilha-lo. Sinto-me bem, distante do que me tornou o Homem que sou, mas feliz.
O vento sopra, agora, mais forte. Abana os ramos, altos, das árvores que me circundam. Folhas caem. E, para mim, cada uma representa uma pessoas diferente. Umas que conheci no meu Portugal e outras que já conheci aqui. E elas não caem das árvores para morrer, caem para colorir o chão que piso neste meu novo dia-a-dia. Caem para completar a minha vida e para se sentarem, comigo, neste banco de jardim.


" Folhas " - 15/09/10

domingo, 12 de setembro de 2010

Na Multidão



Uma rua movimentada. Uma cara, um olhar. No meio da multidão avisto a tua face, os teus traços, aqueles que me trazem esperança. Sigo em tu direcção. Tropeço. Caio. Atrapalho-me no meio de tanta gente. Quando me levanto, olho, já não te vejo. Passa um, dois minutos. Nada. De repente, oiço alguém a chamar o meu nome e descubro quem. Tu. Sempre tu. O tempo pára. O relógio deixa de contar as horas e os minutos. À minha volta está tudo imóvel, quase tudo. Menos nós. Corro até ti. Alcanço-te. Levo as mão à tua cara. Entro no teu olhar, no teu mundo e beijo-te. Que beijo.
Sempre tu, e ainda bem.

" Na Multidão " - 04/09/10

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Por Caminhos de Ferro


" With my eyes closed I'll look closer, I'll always remember ... "

O comboio acaba de partir. Na minha cabeça, atropelando-se umas às outras, surgem memórias de tempos longínquos e outras bem recentes. Aquelas mais velhas combati-as. É bom recordar, amo, mas agora foco-me nas mais frescas. São essas que me interessam neste meu hoje, e hoje começa uma nova era. Apenas saí do meu jardim à beira-mar plantado uma vez e só durante uma semana. Agora estou a partir para uma aventura bem mais ousada e bem mais significativa. Parto com destino à Eslovénia, longe do nosso sol, das nossas gentes, e as gente que lá vou encontrar, espero, vão-me receber com o mesmo calor que faz no nosso Portugal em Agosto. Vão ser seis meses que irão passar depressa, mas vão ajudar-me a crescer como pessoa, como Homem. Sou sincero, se me tivessem perguntado, há um ano, onde estaria hoje a resposta seria «em Lisboa». Mas isso é uma das coisas boa da vida, é imprevisível, única.
Não sei se estou, totalmente, preparado mas tenho a certeza que vou lutar contra qualquer coisas com que me depare. Vou aproveitar ao máximo, tirar fotografias, conhecer pessoas, sorrir.
As saudades, essas, vão ser muitas. Saudades dos olhares e das gargalhadas. Mas isso, isso, tenho guardado em mim e todos os dias vou recordar.

" Por Caminhos de Ferro " - 04/09/10