sábado, 12 de março de 2011

E soaste como um sino

O alarme soa.
A noite foi passada em claro. A televisão está ligada e é a estática que faz ruído. O sol espreita mas as nuvens ganham a guerra. O cinzento invade-me a sala. Perturba-me o olhar.
Levanto-me e vou até à janela. Aqui de cima avisto correrias e oiço as buzinas dos carros. Mas não me incomodam. Aqui de cima a única coisa que me traz desassossego é o simples, e especial, medo de ir até à rua, aquela cheia de correrias e buzinadelas. Porque aqui sou só eu e porque aqui sou eu o rei. Aqui ,olho de cima para baixo e não dou nada a ninguém. E não devo explicações e não devo responsabilidades. É aqui que não tento mudar e combater e gritar vitória. O meu medo é feito dessas coisas. É um medo de ser como eles. Eles que perdem, eles que, também, ganham.

O alarme soa.
Ontem ganhei uma batalha. Hoje começa a guerra.

" E soaste como um sino " - 12/03/11