quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Bom Homem II

Bom homem, sentado a chorar
A ler histórias de Amor
Relatando o dia em que deu seu coração
Ao abandono e ao pesar

Bom homem, cresceu numa casa desmoronada
Observou com empenho os dias
E numa cadeira se sentou
À espera do vazio e do nada

Bom homem, de rosto fechado
Ao vento soltou lágrimas
E ele as devolveu
Embrulhadas em lembranças da sua amada

Bom homem, numa cadeira de pedra em sua homenagem
Avista a luz e o passado
O caminho para a salvação
Chora Amor e a perda da coragem


" Bom Homem II " - 29/12/09

Bom Ano

domingo, 20 de dezembro de 2009

Solidão; Soledad; Solitudine; Loneliness; Einsamkeit

Solidão. Estranha-se mas entranha-se. Não é desejo de ninguém mas deseja toda a gente. Orgulhosa. Devoradora. Fértil em segredos capazes de matar. É o nosso maior fantasma, o mais marcante dos sinais.
Este sentimento, ou estado de espírito, prende-nos às paredes. Amarra-nos as pernas e as mãos. Atira-nos ao chão. Pisa-nos. O nosso corpo gela e as forças, essas, abandonam os músculos. Ficamos estendidos, à espera de um murro no estômago. À espera de um acordar, de um novo começo. A solidão nada nos ensina, aliás, retira-nos conhecimento. Procuramos imagens e sons na nossa memória mas nada, apenas um vazio. Aquele chão passa a ser a nossa casa e esperamos, desesperamos por algo que nos atinja e levante. E aí sim, pode ser que o sol espreite.


" Solidão; Soledad; Solitudine; Loneliness; Einsamkeit " - 20/12/09

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Passado

Será uma imagem que nunca irei apagar da minha memória. Aqueles olhos azuis, que tanta atenção despertavam, pareciam a água límpida de uma ilha paradisíaca, e nesse momento estavam virados para mim. O sol batia-lhe na cara, tornando-a num anjo que descera à terra para trazer esperança e alegria a um mundo em constante sobressalto. O cabelo deslizava suavemente sobre os ombros, como se de um lenço de seda se tratasse. Tudo em volta parecia ter desaparecido, apenas aquela mulher se encontrava na sala, juntamente comigo.


" O Passado " - 14/12/09

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Texts for Nothing

" Vergonha por ter de ouvir, ter de dizer, mais debilmente do que o mais débil murmúrio, tantas mentiras, tantas vezes a mesma mentira mentirosamente negada, de quem é o silêncio gritante da faca do não na ferida do sim "

Samuel Beckett