sábado, 21 de outubro de 2006

Sonho

Noite. A pequena luz que surgia ao fundo parecia saída de um filme de terror. Era fugitiva e fraca, como se, de repente, surgisse alguém capaz de me assustar. Essa mesma luz continuava ao longo de um lago, perturbante mas ao mesmo tempo calmo. Dava-me a sensação de abandono mas ao mesmo tempo de companhia. Fui caminhando por entre as árvores da floresta à procura de um abrigo, um refúgio. A chuva começara a cair. Dormir era impossível, só conseguia pensar naquela luz. Desde o dia em que chegara só conseguia pensar nela.
Manhã. O sol raiava resplandecente por entre as mesmas árvores que seguira anteriormente. Levantei-me e pus-me a caminho. Horas e horas de um passeio não planeado. Como chegara não sabia. No entanto, as marcas nas pernas e braços davam a sensação de queda, bastante violenta por sinal. Ao fim de quilómetros dei de caras com um rio, límpido e puro. Água cristalina. Estava capaz de a beber toda. A sede apertava. Minutos depois, um uivar sobressaltou-me. Segui o chamamento daquele animal. Algo me dizia que era o caminho certo. Era meu desejo voltar a ver o lago. Mas cedo me perdi. A luz do dia ía desaparecendo. A noite chegara. Consegui dormir um pouco, mas acordei a meio do sono. De novo o uivar. Levantei-me e assustei-me. O animal estava à minha frente. Parecia feroz e faminto. Olhar de predador. Os seus olhos, rasgados, estavam direccionados a mim. E eu pronto para fugir. Mas as pernas não se moviam. Estava preso a tudo. De mãos e pés atados. À mercê daquele animal. Os minutos que se seguiram foram de agonia e desespero. O animal aproximou-se, devagar. Olhou-me nos olhos e ali ficou. De repente, a batida do meu coração acalmou. Senti as mãos e os pés livres outra vez. Aquele olhar, que antes me arrepiava, trouxe-me de volta ao meu quarto. Sossegado. Calmo. Tudo aquilo fora uma visão. Uma lembrança do passado e a recordação da única pessoa que me acalmava. Um sonho, nada mais que um sonho. Um simples mas expressivo sonho.


" Sonho " - 17/10/06

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