sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Nova Casa



Tinha uma outra casa. Escura. O chão era de alcatifa e tinha aquele cheiro tão característico. A janela estava quase sempre fechada. Era rara a luz que ali entrava. O ar era pesado e a mobília demasiado antiga, já velha e com alguns buracos e brechas. A cama era grande mas nada confortável e, para mais, fazia um ruído feio quando nela me deitava. Esta foi a minha casa durante vários anos. Impessoal.
Agora, quando olho para trás, não tenho saudades. Lembro-me de mal conseguir respirar. Era o meu canto e, ao mesmo tempo, o meu recreio. Saudades, não. Prefiro esta nova casa. Repleta de luz e um ar leve e puro e vivaz. Este não me magoa. Ando descalço no chão, deito-me nele. Posso, finalmente, sorrir e contar histórias. Esta é a minha verdadeira casa. O sítio dos Deuses. Um jardim banhado pelo sol e por gargalhadas.


" A Nova Casa " - 21/05/10

1 comentário:

Ti disse...

A melhor parte do jardim é que quando andamos descalços, na relva, não magoamos os pés. Ou quando brincamos e caimos, não magoa porque o chão é macio...

The garden rocks!!