terça-feira, 5 de outubro de 2010

Baloiço

A Joana cresceu de coração partido. A Joana cresceu e lutou de coração partido. Os seus pais faleceram quando era bem nova. Tinha os seus seis anos. O irmão da Joana, o Rui, sempre a protegeu. O Rui era mais velho, tinha 16 aquando de tão triste acontecimento. O Rui é mais forte que a sua irmã, mas mais frio e distante. A Joana e o Rui têm agora, respectivamente, 16 e 26 anos de idade. São irmãos, são amigos. São como unha e carne. Ela está mais forte e ele menos frio e menos distante. Ambos estudam e ambos trabalham. No aniversário dos pais vão à missa e rezam. Pedem, querem que os pais estejam bem, a olhar por eles com um sorriso, com uma palavra amiga e com conselhos sempre na ponta da língua.
Nem a Joana nem o Rui namoram. Estão vazios de alguém. Os seus corações estão quase curados, quase. A ferida está quase sarada. Ainda não conseguem partilhar os seus corações com mais ninguém. Mas sabem que está quase, quase.A Joana, quando chega a casa, vinda escola, vai logo para o jardim, vai sentar-se no baloiço, o mesmo baloiço que tantas vezes o seu pai empurrou. O mesmo baloiço que a levava a tocar as nuvens. É naquele jardim que ela, e o Rui, recordam. É nele que encontram esperança e força. É no jardim lá de casa que a Joana e o Rui vivem e é onde eles vão buscar a coragem que os faz sorrir.


" Baloiço " - 05/10/10

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