sábado, 19 de abril de 2008

Submundo

O som das máquinas rompe com o silêncio
A urbe ganha vida e entusiasma-se
Eu acordo e olho dia
Sem ter noção da realidade
Nunca saí deste quarto escuro
Nunca fui à procura do mundo
A única fatia de vida que abraço
É a luz tímida que atravessa a janela
As palavras que oiço lá fora
São apenas ruído para os meus ouvidos
Não quero saber de segredos dos outros
Pois os meus já me deprimem
As paredes que me cercam
São feitas de mágoa e arrependimento
E cada lágrima que em mim nasce
Percorre o corpo em busca do coração
Este desabafo é igual a tantos outros
São confissões de gente angustiada
Hoje escrevo para não chorar
Amanhã leio para não esquecer
Aqui o tempo transforma-se em pó
E tudo parece tão distante
Os dias, as horas e os minutos
Tudo e todos desvanecem e não vivem
Os meus passos são curtos e secos
Incapazes de me projectar
Tudo o que olho parece tão irreal
Mas neste quarto vou viver até um dia voar


" Submundo " - 23/02/08

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