terça-feira, 19 de junho de 2007

Banco de Jardim

Lá fora a chuva cai, e cada gota que atinge o chão, os carros, as pessoas, é cada lágrima que não estou a chorar mas que devia. Devia deitar tudo cá para fora, explodir. Gritar! Talvez devesse levantar o volume do som para que ninguém me ouvisse gritar. Ou chorar. Podia fechar os olhos e viajar nos perfeitos momentos que passámos, para depois descer das nuvens e encarar, mais uma vez, a realidade. Ou, talvez, devesse esquecer. E partir. Enterrar tudo e renascer.
Foi o teu sorriso que me tornou capaz de tudo, de voar, sonhar, imaginar, de transformar imagens em palavras, de te dar o sol e a lua, a terra e o mar, o mundo e o universo. Foi esse sorriso que me transformou naquilo que sou hoje. Foi, também, esse sorriso que me trouxe, e traz, paz quando estou triste ou perdido. Foi esse sorriso que me trouxe esperança. E, agora, é esse sorriso que vejo ao longe, sem o puder sentir ou tocar.

E, então, aqueles momentos de silêncio que de mortos não tinham nada. Eu parava porque só me passava pela cabeça beijar-te, sentir-te. Era por isso que, do nada, eu ficava a olhar para ti, na esperança que caísse um beijo do céu.

Não desisti, não queria desistir. Mas agora é tempo de parar. E choro. Choro porque nós não fomos feitos para estar assim. Choro porque um pedaço de mim morreu, e nunca vou ser completo sem ti, nunca. Haverá sempre um lugar por preencher no meu coração. E, agora, que o dia já não chora, choro eu.


" Banco de Jardim " - 16/06/07

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