quarta-feira, 9 de abril de 2008

Nuvem

Amanhã vou morrer
Amanhã quero voar
Não há nada que me prenda aqui
Apenas dor, confusão
Os meus olhos estão há muito vendados
Impedidos de ver o sol
A luz toca-me a face
Ofusca-me o presente
À noite choro o que sou
Imagino quem serei
E quando o sol nascer
Irei perguntar como será o amanhã
Aos olhos dos outros sou um deles
Despreocupado e talvez feliz
Mas em casa dou por mim perdido
Em mares de erros e mágoa
Tudo isto não faz sentido
Não fiz nada para o merecer
Mas talvez seja a única forma de aprender
A não dar tudo de mim
Preciso de me proteger
Sem entrar no obsessivo
Lá fora vive tudo o que quero
Cá dentro vivem tristezas
Já pouca coisa me faz sorrir
Neste mundo em desespero
Nada parece mudar
Nesta vida de saudade e dor
Amanhã quero morrer
Mãe, amanhã digo adeus
E as lágrimas que em mim vão escorrer
Quero-as para lavar o mundo


" Nuvem " - 13/02/08

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